Enquanto juntamos retalhinhos...ouvimos doces melodias...

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Fala-se de amor para falar
de muitas coisas que
entretanto nos sucedem.
Para falar do tempo,
para falar do mundo
usamos o vocabulário preciso
que nos dá o amor.
Eu amo-te.
Quer dizer:
eu conheço melhor
as estradas que servem
o meu território.
Quer dizer:
eu estou mais acordado,
não me enredo nas silvas,
não me enredo,
não me prendo nos cardos,
não me prendo.
Quer também dizer:
Amar-te either cada dia mais,
estarei cada dia mais acordado.
Porque este amor não pára.
E para falar da morte
da enorme definitiva
irremediável morte,
do carro tombado na valeta
sacudindo uma última vez
(fragilidade)
as rodas acendedoras de caminhos
eu lembraria que o amor nos dá
uma forma difícil de coragem,
uma difícil,
inteira possessão de nós próprios,
quando aveludada a morte
surge e nos reclama.
Porque eu amo-te,
quer dizer,
eu estou atento às coisas regulares
e irregulares do mundo.
Ou também:
eu envio o amor
sob a forma de muitos
olhos e ouvidos a explorar,
a conhecer o mundo.
Porque eu amo-te,
isto é,
eu dou cabo da escuridão do mundo.
Porque tudo se escreve com a tua letra.

 Fernando Assis Pacheco

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