Ser sensível nesse mundo requer muita
coragem. Todo dia. Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos
ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio
coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade.
Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido
em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que
com a indelicadeza. Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade
tão pura de que ninguém sofra por nada. Essa saudade, que às vezes faz a
alma marejar, de um lugar que não se sabe onde é, mas que existe, é
claro que existe. Essa vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí,
porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando, não deixam
adormecer a idéia de um mundo que possa acordar sorrindo. Pra toda
gente. Pra todo ser. Pra toda vida.
[Ana Jácomo]
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