Enquanto juntamos retalhinhos...ouvimos doces melodias...

terça-feira, 9 de setembro de 2014

E tu, 

porque não vens ter comigo, 

mesmo que seja em sonho, 

agora que as buganvílias

começam a acordar

em banho de roxo e ouro pálido

e do céu baixo se solta um vento quase caricioso,

que vai deixando dedadas mornas por aqui.

Esta sede de ti que não se extingue!

Sinto as pequenas vagas a esfrangalharem-se nos recifes,

a marulharem ao longe.

A pele escalavrada da memória dissolve-se nesta exaltação.

Sorris-me.

O teu torso desnudo no fundo azul da tarde mais azul .

Parece que alguém lavra um campo,

imagino os braços fumegantes da terra a abrirem-se de espanto,

tal como em espanto e amor se abre outra vez o teu corpo.


( Urbano Tavares Rodrigues, in Margem da Ausência)

Nenhum comentário:

Postar um comentário