E tu,
porque não vens ter comigo,
mesmo que seja em sonho,
agora que as buganvílias
começam a acordar
em banho de roxo e ouro pálido
e do céu baixo se solta um vento quase caricioso,
que vai deixando dedadas mornas por aqui.
Esta sede de ti que não se extingue!
Sinto as pequenas vagas a esfrangalharem-se nos recifes,
a marulharem ao longe.
A pele escalavrada da memória dissolve-se nesta exaltação.
Sorris-me.
O teu torso desnudo no fundo azul da tarde mais azul .
Parece que alguém lavra um campo,
imagino os braços fumegantes da terra a abrirem-se de espanto,
tal como em espanto e amor se abre outra vez o teu corpo.
( Urbano Tavares Rodrigues, in Margem da Ausência)
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