Enquanto juntamos retalhinhos...ouvimos doces melodias...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sei agora
como nasceu a alegria,
como nasce o vento
entre barcos de papel,
como nasce a água
ou o amor quando a juventude
não é uma lágrima.
É primeiro só
um rumor de espuma
à roda do corpo
que desperta,
sílaba espessa,
beijo acumulado,
amanhecer de pássaros
no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude,
o vento e as areias.

J.Antunes

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